9 de jun. de 2011

And in the end...

O silêncio sempre quer dizer algo. Seja qual for a situação.
E, realmente, muitas coisas aconteceram durante essa calmaria que foi o blog nesses últimos tempos. Enquanto isso minha vida estava tão calma quanto um tiroteio.
Comecei o ano cheio de esperança. Era algo quase que involuntário pensar nela e, automaticamente, se encher de esperança, abrindo um sorriso no rosto. Acharia estranho se isso não acontecesse. As circunstâncias eram as melhores possíveis, tudo indicava que eu teria a chance que eu sempre quis.

Mas imprevistos acontecem, e a Fernanda cansou de ficar sozinha. Lembro como se eu tivesse descoberto ainda ontem. As semanas seguintes foram de tremenda auto-tortura, isolamento, depressão e outros sentimentos ruins que o leitor que me conhece queira acrescentar. Alguém vivia o meu sonho, e eu não gostava nem um pouco disso, não concordava com isso.

Mais uma vez um semestre de faculdade começava, e eu me arrastava pelos cantos. Eram tempos em que eu olhava para trás procurando onde eu errei e, principalmente, o que deixei de fazer. Seria uma redundância sem tamanho dizer que também eram tempos de intensa tristeza. Lembro-me de uma vez conversar com ela sobre sentimentos, relacionamentos e outras bobagens do tipo. Aquela conversa me marcou, pois curiosamente me ajudou bastante a superar as coisas. Erguer a cabeça e entender que eu ainda tinha a amizade dela, que eu tinha tanto medo de perder, e que isso era de importância imensurável para mim. Às vezes nem sempre o que parece o certo, o perfeito ou o melhor pode dar certo quando colocado em prática.

Um fato hilário se sucedeu após essa ferida ter se cicatrizado. Uma colega minha se aproximou de mim rapidamente e as intenções dela eram bem claras. Nós dois fazíamos tudo juntos, parecendo irmãos siameses perambulando por aquela faculdade. Foi nessa circunstância em que a Fernanda tornou-se minha conselheira e confidente. Nessa altura já nem me importava mais que ela soubesse das minhas "aventuras" (uhul!) amorosas. O sentimento profundo se foi, o que ficou foi uma grande amizade.

Enfim, o tornado passou.

Mais um vez passou-se um longo tempo até eu postar aqui de novo. Sorry for taking so long.


“Gatsby acreditara na luzinha verde, naquele futuro orgiástico que ano após ano se afasta de nós. O futuro já nos iludiu tantas vezes, mas não importa…Amanhã correremos mais depressa e esticaremos nossos braços um pouco mais além…Até que, em uma bela manhã…
E assim nós prosseguimos, barcos contra a corrente, empurrados incessantemente de volta ao passado.”

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

21 de fev. de 2011

Pink Moon

21 dias. Foi esse o tempo exato em que eu voltei a sentir a vida correndo fortemente nas minha veias. Não que eu não sinta ela em dias comuns, mas fortemente, como eu havia dito antes, confesso que é algo muito raro. E aqueles jamais serão dias comuns.

Algumas coisas me trazem uma paz interior imensa. Elencando quatro delas: Estar em contato com a natureza, ver belas paisagens, estar na presença de pessoas que tu tens um apreço imenso (e estar de bem e em sintonia com elas) e música.

Agora imaginem que durante esses 21 dias eu tive tudo isso diariamente. Era como se minha alma, meu corpo e minha mente entrassem em um sincronismo tremendo (e acreditem, isso é bem difícil quando se trata da minha pessoa). Era só subir nas pedras, sentar-se, colocar os fones do mp3 e olhar.... Pensar... Refletir... Se perder. Pronto, sincronia feita e sorriso no rosto. Isso me basta e me deixa pronto para encarar e aguentar o resto do ano inteiro.



Peço desculpas por esse post estar meio confuso, não ter uma profundidade e reflexão que deveria, mas levo muito tempo para refletir sobre as coisas que são de vital importância para mim e que me trazem alegria gigantesca. Talvez venha daí o tal instinto de auto-destruição tão peculiar a mim.




"I never felt magic crazy as this
I never saw moons knew the meaning of the sea
I never held emotion in the palm of my hand
Or felt sweet breezes in the top of a tree"


Nick Drake - Northern Sky

13 de jan. de 2011

The Long and Winding Road

Conheci duas pessoas recentemente. Nada daquela amizade profunda que tenho com algumas pessoas pelas quais prezo imensamente. Apenas algumas palavras superficiais e histórias completamente diferentes. Porém, o motivo das histórias que eles me contaram é o mesmo.

Conversei longamente com o primeiro sujeito, que era alguns anos mais velho que eu. Muito boa pessoa, por sinal, de caráter íntegro e cheio de si. Ele me contou que há alguns anos atrás, se apaixonou por uma menina. Foi tudo muito rápido, logo que se conheceram, ficaram bem amigos, e ele completamente apaixonado. Tudo que ele vivia era ela. Mas um pouco por timidez, um pouco por falta de coragem, foi deixando o tempo passar. Aquele sentimento foi enchendo seu peito e esmagando sua alma. Ao mesmo tempo que era uma coisa boa de se sentir, ele vivia sempre angustiado por estar preso ao peso das palavras que não conseguia dizer. Enquanto isso eles se tornavam mais cada vez mais próximos.

Até que um dia ele resolveu dar um basta. Acordou decido a mudar toda aquela história, e pq não, sua própria vida. Chamou a garota para sair. Ela aceitou. Foi a primeira vitória. Dali uns dias eles se encontraram em um shopping daquela cidade cinzenta, triste e provinciana. Conversaram sobre muitas coisas, caminharam por todo o shopping, acabando por se sentar em um banco. Naquele banco, ele olhou bem fundo nos olhos dela e começou a despejar tudo que sentia. Tinha cuidado para não assustá-la, mas sabia que aquilo era quase impossível. Quando ele percebeu que ela parecia estar tocada com tais palavras, ele imediatamente pediu uma chance, apenas uma. Era o bastante. Era o que ele precisava. Ela pediu um tempo pra pensar. Ele aceitou, prontamente. Meio hipnotizados e atordoados com a situação, despediram-se com um forte abraço. Foram embora. Cada um para um lado. Talvez para sempre.

Os dias que se seguiram foram pior que estar no inferno para o garoto. A angústia pela espera de uma resposta o matava. Ele achava que estar apaixonado por ela era um pouco ruim, pelos sentimentos já descritos acima, não pensava que seria pior ainda esperar uma resposta dela. Tinha vontade de ligar para ela, mandar mensagem, falar pelo MSN, orkut ou qualquer coisa que o valha. Apenas para saber se ela estava bem, nada mais do que isso. Sabia, porém, que fazendo isso poderia ser interpretado de forma equivocada, colocando uma pressão desnecessária sobre a decisão dela, talvez apressando as coisas e atrapalhando a si próprio.
Até que uns três dias depois daquele fatídico encontro no shopping, o celular dele começa a tocar. As borboletas se agitaram em seu estômago. No visor do telefone, aparece o nome dela. Ele atende, tremendo como se estivesse nu na Sibéria:

- A-A-Alô...
-Oi... Liguei só pra perguntar uma coisa. Tu realmente me ama?
O garoto pensou por algumas frações de segundo antes de responder. Uma música veio imediatamente em sua cabeça e ele a declamou:
- Don't ask me what you know is true. Don't have to tell you, I love your precious heart.

Ela desligou após isso, sem nem se despedir. Ele desatou a chorar, pois achava que havia tudo terminado. Contudo, algumas horas mais tarde o telefone volta a tocar. Era ela de novo. Pediu desculpas por ter desligado, disse estar nervosa e o convidou para sair no dia seguinte.

Depois de algum tempo eles começaram a namorar. O sujeito me disse que hoje em dia já não estão mais juntos. Mas que ele foi muito feliz enquanto esteve com ela e que ela era uma garota extraordinária e que as vezes pensava que não merecia tê-la como namorada. Após proferir tais palavras (um pouco antes de nos despedirmos e irmos embora) ele foi duramente xingado por mim.


O segundo sujeito tem uma história mais breve, porém muito mais pesada. Ele também era um pouco mais velho que eu. Diferentemente do primeiro, o traço mais marcante de sua personalidade era a total falta de segurança em si.
O início da novela foi mais ou menos o mesmo (conheceu a garota, se apaixonou e eles foram se aproximando). Mas sua timidez e sua falta de coragem, nunca deixaram ele falara nada a ela. Ele confessa que perdeu o "timing", a época de ter falado com ela passou há muito tempo.
Por serem muito amigos, continuam se vendo corriqueiramente. Às vezes saem juntos, e quando ele o vê com outro é como se um punhal rasgasse suas costas da nuca até a sua lombar paralelamente a sua coluna. Houve um tempo em que ela namorou um guri. Ele nunca conseguiu ser cortês e simpático com o namorado dela, mesmo ele parecendo ser uma ótima pessoa.
Ele me confidenciou que o pensamento mais comum que tem quando está com ela é: "E se... ?". Isso mata, lentamente, cada célula do seu corpo. Me disse, também, que está feliz, apesar de tudo. Era mentira, o olhar o entregava, o comportamento o entregava. ele jamais conseguiria viver direito a sua vida, até encontrar outra paixão como aquela.

"Let me in here, I know I've been here
Let me into your heart
Let me know you, let me show you
Let me roll it to you
All I have is yours
All you see is mine
And I'm glad to hold you in my arms
I'd have you anytime"

George Harrison - I'd Have You Anytime

2 de nov. de 2010

A Letter For You

" Já houve vezes em que a vontade de redigir tais palavras foi mais forte, mas nunca tive a coragem necessária pra fazê-la. Também já houve oportunidades melhores pra ti ficar sabendo dos meus sentimentos, mas novamente minha covardia me impediu de lhe falar o que eu já devia ter falado há muito tempo.

Sendo direto, te amo desde o nosso primeiro encontro. Desde a primeira troca de olhares, percebi que era diferente das demais. Era quase como um oásis em um deserto. Eu estava numa época muito ruim da minha vida. Era amargo e não era a pessoa mais cortês que alguém poderia conhecer. Tu me mudou, sem querer. Resgatou o meu "antigo eu". Vi que eu estava sendo infantil com os outros, descontando neles o que havia acontecido comigo e que eu deveria ter resolvido em uma conversa com uma única pessoa. Voltei a ver o lado bom das coisas, das ações das pessoas, etc. Valia a pena voltar a ser eu, não só por ti, mas por uma série de outros motivos que se elencados tomariam muito do teu tempo e te amolaria demais. Falar contigo era sinônimo de felicidade, frio na barriga, nervosismo e palavras escritas a dedo...

Não quero que pense que a minha aproximação foi com segundas intenções. Me aproximei por tu ser a pessoa sensacional que tu és. Sou muito seleto com o meu círculo de amizades, e quando a gente foi se conhecendo melhor, eu fiz questão que tu estivesse dentro dele. E esse foi um dos motivos do meu silêncio até o presente momento, tinha muito medo de estragar a nossa a amizade que é realmente muito importante para minha pessoa.

Passei por momentos em que tu fostes minha inspiração para criação musical...
Passei por momentos em que te via nos filmes em que eu assistia, te ouvia nas músicas em que eu escutava e percebia tua personalidade em algumas personagens dos livros que eu lia.
É tão estranho, tem momentos em que eu acho que nossas personalidades tem tantas semelhanças e congruências que chega a ser estranho. Em outros momentos é como se houvesse um oceano de distância entre nós, e, mesmo nesses momentos, teu sorriso fazia as borboletas se agitarem dentro do meu estômago e minhas pernas ficarem bambas.

Enfim, queria dizer tudo isso olhando fixamente nos teus olhos, mas eu gaguejaria, me perderia nas falas, tropeçaria no português... Gostaria de lhe pedir apenas uma chance. Uma chance de te mostrar que pode ser divertido e muito bom para ambos. Uma chance de mostrar que as pessoas com as quais a gente se relacionou no passado, não se refletem nas pessoas que a gente se relaciona no presente (e isso eu aprendi contigo, mesmo tu não sabendo). Uma chance de tentar te fazer mais feliz do que já és. Apenas uma chance.
Se quiser responder, eu espero. Porém, não leve um eternidade, por obséquio. Isso me mataria por dentro, aos poucos.
Se não quiser responder, tudo bem. Apenas avise que se reserva ao direito de não responder.
Só espero que se houver uma resposta negativa/ausência de resposta, a nossa relação não mude, pois realmente gosto muito de ti e tu é muito importante pra mim.

W.B.

Porto Alegre, terça-feira, 2 de Novembro de 2010."

Uma carta que nunca será mandada ao seu devido destinatário.

"Can you take me to the best place you've ever known ?
I'm sure you are the only road
That will lead me to the stars
Lord please don't slow me down now now now
Let me shine with you
And please don't bring me down"
A Song For You

10 de out. de 2010

Writing just to help myself

Era uma época estranha. Meus olhos ardiam o tempo inteiro. As dúvidas estavam sempre na minha cabeça. Ainda mais depois daquela noite. As luzes, os olhares, o perfume, a música, as conversas com os rostos próximos... Tudo indicava que sim, mas nada indicava que era realmente verdade o que todos achavam ser certo. E o tempo passou. Não sei se superei, como havia dito no outro post. Mas não sinto mais o que sentia, isso é uma certeza. Apenas um imensurável carinho. Talvez esteja enterrado, bem lá no fundo do coração, pronto pra voltar ao menor sinal de fraqueza. Talvez não. Gostaria de agradecê-la com a mais absoluta sinceridade, olhando bem fundo nos olhos dela. Ela me recuperou, me reparou, mesmo não sabendo disso. É uma pena eu não ter a coragem necessária para tal atitude.

Apenas sei que não ando mais me arrastando pelos cantos, reclamando em voz alta da vida. Tudo muda, quando certas coisas acontecem. É como se tudo passasse a se encaixar. Acho que volto a viver uma época muito intensa da minha vida como foi do final de 2006 até o início de 2008. Rio sozinho enquanto ouço músicas no ônibus. As pessoas me olham, me julgando, eu nem me importo. Nunca me importei, nunca me importarei. Parece que quando algo dá certo, tua autoestima aumenta (a minha é muito pouco elevada [\ironic]) , e tudo começa a dar certo, parece que atraí. Uma coisa puxa a outra.

De repente vem um dia como hoje. Parece que alguém quer te testar, só pra ver se tu realmente merece a felicidade que estão te dando. Como se fosse um teste. Nisso, quase acabam despertando alguns sentimentos da tal entidade adormecida denominada "Liam House" (e é melhor não mexer com a criatura, nem eu gosto dela). Ou é isso, ou minha vida está voltando ao normal, monótona.
DEUS, EU NÃO GOSTO DE JOGOS QUE ENVOLVAM MINHA VIDA E MEUS SENTIMENTOS. SE TU TENTAR ME COLOCAR EM UM, EU VOU TRAPACEAR. [\madness mode off]


"Karma Police, I've given all I can, it's not enough
I've given all I can, but we're still on the payroll"
Karma Police - Radiohead

24 de jul. de 2010

Reencontro - Tattooed All I See

E então eu me encontrava em um banheiro sujo de um restaurante mais sujo ainda, em alguma cidade esquecida na estrada para a fronteira. Olho o lado de dentro da porta do banheiro, procurando por alguma sabedoria que você só encontra em portas de banheiro. Nada, apenas xingamentos e erros de português. Jogo água gelada no rosto para tentar acordar de vez (isso nunca funcionou comigo, e eu insisto em fazer). Me encaro no espelho, meu olhar (do qual eu já falei no último post) peculiar estava lá. Sorri. Cazuza tocando no meu mp3. "Todo Amor Que Houver Nessa Vida".

"E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia"

Se eu fosse fumante, eu teria acendido um cigarro naquela hora. Acho estranho isso, às vezes tenho vontade de acender um cigarro, mesmo nunca tendo fumado um...

Saio do banheiro, olho para os lados procurando pela minha família. Um caminhoneiro gordo me olha como se eu fosse decente demais para estar naquele lugar. Mal sabe ele dos meus podres. Sigo meu caminho até o lado de fora do restaurante (se é que aquilo pode ser chamado de restaurante). De repente aconteceu, eu esperava por isso há algum tempo. "Black" do Pearl Jam começa a tocar.

Então aí estava você. Escondida, só esperando momento certo de tentar atacar. Eu a evitava há várias semanas. Mas o encontro foi inevitável. Lembrei da Fernanda, e não poderia ser diferente. Um filme veio na minha cabeça. Foram quase 9 meses, acho. Sorri novamente. Fiquei feliz em apenas apreciar a música. Lembranças agora eram apenas lembranças, sem sentimentos envolvidos. Era passado. Eu havia superado.
Se eu fosse fumante, eu teria acendido um cigarro naquela hora. Acho estranho isso, às vezes tenho vontade de acender um cigarro, mesmo nunca tendo fumado um...


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Esses hiatos temporais entre os posts me preocupam.
Ou estou ficando burro ou menos reflexivo em relação ao que acontece na minha volta.
Preocupante...

"I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star
In somebody else's sky, but why, why, why
Can't it be, can't it be mine ?"
Pearl Jam - Black

8 de jun. de 2010

Eu tenho fé na força do silêncio

Eu sempre fui uma pessoa muito ansiosa com tudo. Minhas unhas da mão são prova disso. Acredito que isso ás vezes atrapalhava. E quando me sinto ansioso, vem um turbilhão de ideias na minha cabeça, fazendo ela virar uma bagunça só, eu gosto de me sentar e escrever. Seja no Lagarto, seja compondo minhas magníficas músicas ou seja no caderno púrpuro. Qualquer lugar é lugar. Desde que eu consiga "limpar" a bagunça".

Veio uma época da minha vida, em que eu me senti mais seguro de mim mesmo, criei mais auto-confiança, e isso, paradoxalmente, aconteceu depois do meu desastroso relacionamento com a Mari (com quem, finalmente, após alguns meses voltei a conversar sem ressentimentos). Com essa segurança, a minha ansiosidade desapareceu um pouco. Acho que foi por isso que abandonei um pouco o Lagarto. Quando sentia necessidade de escrever, eu recorria ao meu violão e a um caderno, e pronto. Ainda, no meio de toda essa história, tinha a Fernanda. Era tão bom não ser ansioso para falar com ela, não ficar ansioso nos dias que eu ia vê-la, ter a calma necessária para calcular as palavras que sairiam da minha boca quando eu estava com ela. E tudo isso eu devia a Mari. Um dia agradecerei a ela.

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Segunda da semana passada, recebi uma notícia muito ruim. Terça eu me sentia muito estranho. Andava conforme a direção do vento (e andava de cabeça baixa, olhando para o chão, coisa que eu não costumo fazer), meus olhos estavam estranhamente secos, sentia meu corpo entorpecido. Sorria falsamente para as pessoas, querendo aparentar que nada estava errado. Nem meu humor ácido-cômico-antissocial se fazia presente. Eu continuava com as mãos e pés atadados e uma mordaça na boca. Sempre foi assim, desde de o início. Qualquer coisa que eu fizesse, poderia colocar tudo a perder.

Quarta-feira eu acordei outra pessoa. Me sentia bem. Superei muito mais rápido do que imaginava. Me olhei no espelho de manhã cedo, e aquele meu velho e bom olhar profundo e com vida, típico da minha pessoa, havia voltado. Saí de casa rumo a faculdade, com meu inseparável mp3. A primeira música sorteada -"Be Here Now - Oasis". Sorriso estampado no meu rosto novamente e o assobio do Noel explodindo nos meus ouvidos. O melhor de tudo foi ter meu humor de volta.
Ironicamente, no mesmo dia, almocei com ela. Falei com ela numa boa, ajudei em um trabalho para a faculdade e tudo. Olhava para ela, e sentia como se estivesse olhando para uma amiga.

Mas tenho medo por dois motivos.
O primeiro: A fogueira se apagou, mas se tocarem uma boa dose de álcool na brasa ainda presente... Temos fogo novamente.
O segundo: Tem uma coisa que me incomoda ainda. Eu não falei diretamente com ela, e isso realmente me incomoda. Posso por tudo a perder ou a situação pode melhorar consideravelmente. Não gosto de desistir sem tentar, mas também não agirei sem antes pensar umas duzentas vezes no assunto.


"Cause love is noise and love is pain
Love is these blues that I'm singing again"
The Verve - Love Is Noise

3 de mai. de 2010

Hello, it's good to be back

Retornando assim, aos poucos, primeiro sem contar muitas novidades. Sim, faz tempo desde a última vez que postei algo. Sim, várias coisas coisas aconteceram nesse meio tempo. Não, nada de muito sigficativo. So my life still so tame.

A casa está meio empoirada, tenho que dar uma varrida aqui e ali... Abrir as janelas. Tudo cheira a mofo. Gostaria de explicar os motivos dessa "ausência", mas não agora, não hoje. Mesmo assim, surpreende até a mim o fato de eu ter começado a escrever estas palavras dias três de maio, e só ter terminado dia trinta e um de maio.
Eu estava há séculos para por uma passagem do Apanhador no Campo de Centeio (um dos melhores livros que já li e reli, recomendo a todos) aqui no Lagarto, acho que hoje é uma boa oportunidade:

"Acho que tinha mais ou menos um milhão de garotas por ali. Parei, e fiquei observando-as. Estavam sentadas ou em pé, esperando os namorados. Garotas de pernas cruzadas, garotas de pernas descruzadas, garotas com pernas fabulosas, garotas com pernas horrorosas, garotas que pareciam boazinhas, garotas que, se a gente fosse conhecer, ia ver que eram umas safadas. Era realmente uma paisagem interessante. De certo modo, também era meio deprimente, porque eu ficava pensando no que ia acontecer com todas elas. Quer dizer, depois que terminassem o ginásio e a faculdade. A maioria ia provavelmente casar com uns bobalhões. Esses sujeitos que ficam dizendo quantos quilômetros fazem com um litro de gasolina. Sujeitos que ficam doentes de raiva, igualzinho a umas crianças, se perdem no golfe ou até num jogo besta de pingue-pongue. Sujeitos que são um bocado perversos. Sujeitos que nunca na vida abriram um livro. Sujeitos chatos pra burro. [...] Mas tenho minhas dúvidas quanto aos chatos. Talvez a gente não deva sentir tanta pena de ver uma garota legal se casar com um deles. A maioria não faz mal a ninguém etalvez, sem que a gente saiba, sejam todos uns assoviadores fabulosos ou coisa parecida, nunca se sabe."
O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger

"But every time I see them makes me wish I had a gun , if I thought that I was crazy, well I guess I'd have more fun." Cacther in the Rye - Guns 'n Roses

24 de fev. de 2010

Wratchild

No ócio das férias, procurando algo de interessante para fazer (já que minha conjuntivite me impede de sair e espalhar o vírus pela cidade), acabei me deparando com o meu antigo gravador. Coloquei pilhas nele, a fim de ouvir minhas antigas gravações. Lembro de ter entrevistado alguns amigos, quando eu tinha uns 13 anos, com perguntas esdrúxulas, além de ter algumas coisas mais musicais, como algumas gravações bem demoníacas feitas em um uma madrugada com um violão afinado em alguns tons abaixo da afinação convencional.

Mas o que me chamou a atenção foi que eu tenho gravado a minha primeira composição musical (que eu lembre essa foi a primeira mesmo). É só a letra, pq eu não sabia tocar porra nenhuma naquela época. Eu meio que a canto, declamo, algo do tipo. Bom, aí vai:

"Passando pela cidade
Eu vejo os muros
A escuridão só me traz mais rancôr
De algo que se foi, e não voltou

Passo noites acordado
Relembrando o passado
Mas o ódio que sinto, me cega

Tudo ao meu redor é confuso
Me sinto atordoado
[fita acaba e o resto da letra se perdeu pra sempre]"


Pelos meus cálculos eu deveria ter uns 13 anos, quando fiz.
Criança revoltada é foda.
Maybe I'm a fuckin' retarded since always.

22 de fev. de 2010

We dream our dreams alone with no resistence, fadin' like the stars we wish to be

Meus planos eram de apenas descrever o sonho que tive um dia antes de viagem, neste post. Mas acordei no sábado, e me deparei com esse sonho bizarro-cômico do meu amigo Bernardo. Pedi autorização ao mesmo para postá-lo aqui, pois me rendeu boas gargalhadas:


"Nós tínhamos ido ao show do eric clapton. Lá pelo meio, teve uma pausa no show e eu (eu= Bernardo) subi no palco nessa pausa pra falar com ele. Depois de falar, na hora dele voltar, eu apresentei ele ao público, falando: "Sir Eric Clapton" e estiquei o braço pra mostrar ele entrando no palco. Todos aplaudiram fervorosamente, e eu me lembrei que ele não é Sir, coisa nenhuma. Fui falar com ele, em inglês mesmo,
Eu disse: "Can I take a picture with you later?".
Ele, sorrindo, falou: "Sure".
Parece que deu um 'reset' no sonho, não lembro se eu acordei e depois acabei dormindo e, estranhamente, voltando pro sonho. Mas a gente tava chegando no show denovo. Era num teatro que caía aos pedaços. Nós escolhemos um lugar pra sentar e tu (tu, no caso, sou eu. William Bandini, Lagarto... Tanto faz, você escolhe) falou pra uma mãe e filho do nosso lado que eles iam na final da Libertadores conosco (oO). O show começou e chamaram para o palco o Frejat, se eu não me engano, e o Tiago Iorc, (desconhecia a existência desse ser, até tal fato) só que no sonho ele era filho do Frejat. Logo que terminou o show deles, aconteceu uma coisa muito estranha. Nós viámos o show, mas não aparecia o show(quem compreender ganha um café).
De repente o cara falou: "Bandini" . Tu levanta, começaa pular e falar "Bandini, meu, Bandini" . Olhou para o Fábio que tava lá do outro lado, fazendo um tipo de comemoração pra ele, e falou, mais uma vez: "Bandini". Tu continuou de pé, comemorando, pulando e gritando. Tinha um gurizinho sentado na cadeira do teu lado que ficou rindo muito de ti.
O show volta ao normal, mas não era mais o Eric Clapton. Era o Noel Gallagher bem novo (estranho, já é o segundo Deus que aparece no sonho dele. O primeiro fui eu). Ele falou, em português, "Que que houve? Tão assim por causa do 'Bandini'? Vocês não viam he-man?".
Finalmente me acordaram." - Bernardo

Mandem esse cara a um analista, rápido, antes que seja tarde e irreversível. Pensando melhor, eu também devo ir, e vocês confirmarão isso depois de ler o relato do meu sonho. Apesar de fazer algum tempo que eu sonhei isso, eu anotei no meu caderno para não esquecer. Mas acho que não seria necessário, pois ele está bem vivo nas dobras do meu cérebro:


"Eu estava numa fábrica que mais parecia um labirinto. Fui percorrendo aleatoriamente seus corredores tortuosos, até chegar em um imenso galpão, onde havia muita gente. Bem no fundo desse galpão, havia uma "parede" de vidro. Fui em direção à essa parede, ficando parado bem na frente dela. Vi que do outro lado da "parede" havia utensílios de uma banda (bateria, baixo, guitarras, microfones, etc.).
Então, completamente do nada, entram no palco quatro homens. E eu os reconheci imediamente. Paul, Ringo, John e George. Sim, os Beatles. Cada um pegou seu respectivo instrumento e tocaram apenas uma música, da qual não recordo (Até hoje suspeito que tenha sido "If I Needed Someone", pq acordei com ela na cabeça). Após acabar a música, todas as pessoas do galpão fizeram um corredor para que eles pudessem passar até a porta de saída. Fui correndo até a porta de saída, me postando do lado dela.
George passou, sem ninguém ousar tocar um dedo nele, e quando passava na minha frente, ele abriu um sorriso, deu uma piscada e fez sinal de positivo. Já Paul (que também havia passado pelo meio da multidão sem ser tocado), passou reto por mim, cabisbaixo, com um olhar triste, distante e frio. Ringo e John desapareceram sem explicações."


Me internem.

"Eu vou pagar a conta do analista, prá nunca mais ter que saber quem eu sou"
Cazuza - Ideologia

14 de fev. de 2010

Heaven, Hell and my Mademoiselle

É tanto coisa, tanta história, que eu nem sei por onde começar. Certamente me perdeirei, enquanto despejo as palavras na tela. E certamente esquecerei de vários acontecimentos. Mas eles estão lá, nas dobras do meu cérebro, bem guardados. Alguns chamam de "A lenda do lagarto laranja".

HEAVEN: Um tempo atrás, eu escrevi o seguinte aqui no blog:

"Como minhas aulas foram adiadas em duas semanas, mais uma vez a gripe porca, eu tinha feito planos de ir pra SC sozinho e só voltar quando fossem recomeçar as aulas. Reorganizar as minhas idéias e meus pensamentos. Ia tentar arranjar um emprego de quinze dias lá e um lugar pra fica (isso sim seria difícil). Minha mãe ia me matar e a vontade passou um pouco. (03/08/2009) "
Meus planos eram de se mandar pra Garopaba, recém tinha tido a desilusão com a Mari, a gripe suína estava torrando o meu saco e a vida aqui em casa tava um inferno. Depois de chegar a separar as roupas pra ir e sacar dinheiro pra comprar a passagem pra lá, eu desisti da ideia.
Cinco meses e treze dias depois, ironicamente, me encontro na praia para onde eu queria ter ido sozinho. Cheguei num dia meio nublado, fui caminhando sozinho até a beira da praia. Ela estava deserta, com umas nuvens encobrindo a cadeia de montanhas ao norte e as ondas do mar batendo fortemente nas rochas. Pensei na hora: "Meu Deus. Pq eu tive dúvidas ? Eu deveria ter vindo pra cá mesmo... Talvez tivesse abreviado um pouco minha pseudo-depressão."
O que me impressionou mesmo em Garopaba, foram os sonhos que eu tive (já que histórias pra contar, eu não tenho muitas, pq estava com meus pais, you know what I mean). O primeiro foi na noite anteriora da viagem, que por sua extensão e riqueza de detalhes vai ficar num post separado. O segundo eu já estava há alguns dias em Garopaba, acho que uns quatro. E quase não pensava na Fernanda. Comparando com a frequência que eu pensava nela aqui em Porto Alegre, posso dizer que eu praticamente havia esquecido. Aí veio o sonho, temido e tão bom. Paradoxal. Sonhei que éramos namorados, que estavámos num parque passeando, ou algo do gênero. Era muito estranho, eu olhava pro rosto dela e ela estava com aquele sorriso estampado. Eu sabia exatamente o que ela estava pensando, sentido... como se nós nos conhecêssemos há séculos.
Fragmento do caderno púrpuro sobre o sonho (desculpem o inglês, novamente):
"I had a dream yesterday's night. And only George knows how good it was. Yes, you can bet that she was there. Fuckin' shit, why did I open my eyes today ?
Now she is always in my mind...
Now I'm just trying to forget the feeling.
Now I'm just trying to forget about the life in that town."
Depois do sonho qualquer coisinha me lembrava ela. Conheci um pessoal de Brasília (ela morou lá um bom tempo), passagens do livro que eu estava lendo, músicas, etc. E eu tinha que eaquecer um pouco, pra poder aproveitar Capão, e não me sentir "preso". Sei lá, parece meio estranho, mas eu me entendo, e não sei explicar.
Outro sonho foi com a Mari. Ela vinha falar comigo, sobre o que aconteceu entre nós, perguntando pq eu não falava mais com ela. Eu humilhava ela jogando todos os fatos, tudo o que eu pensei na época e o que me fez muito mal. Ela chorava, e dizia que ainda gostava de mim, exatamente pq eu a desprezei. Me senti bem com esse sonho, sinceramente. Óbvio que na vida real seria bem diferente, ela acharia que está certa, pq ela sempre tem a razão, e nós continuaríamos sem se falar.
Depois disso teve alguns dias de chuva, que foram chatos demais. Enfim, foi muito bom. Valeu a pena. Foi um descanso antes de descer direto ao inferno.
HELL: E eu não me importo de ir para o inferno, desde que lá tenha cigarros. E Capão era um inferno de verdade (a única coisa que salvava de não ser um inferno era o mar, que estava como eu nunca tinha visto aqui no RS). O nosso apartamento principalmente. Devia fazer uns 45ºC dentro daquele forno. E os mosquitos de Capão marcaram um reunião, se encontrariam, todos eles, dentro do nosso apê. Por um lado isso foi bom, pq nos forçava a ficar na rua.
No primeiro dia já fomos ver o Gre-Nal juntos (eu, Marcelo, Bernardo, Montanha e Cabeça). O Grêmio perdeu, e eu tive vontade de jogar bola. Fiquei apurrinhando até o jogo sair. Fomos jogar na beira do mar lá pelas duas da madrugada. Nosso time saiu vitorioso. Depois vimos coisas beeeem estranhas naquela madrugada. Gente subindo na casinha de salva-vidas, gente imitando Cicarelli dentro do mar, etc. Chegamos em casa e tivemos que dormir com a janela escancaradamente aberta, obviamente. Sob o luar, sob as estrelas, vendo os morcegos passarem voando a mil. Sempre ficava um tempo remoando minhas idéias, falando com os guris... Todos as noites foram assim, e só conseguia dormir após o sol já ter pintado o céu de azul denovo.
Na noite do segundo dia fizemos tipo um lual na beira a praia. Fábio sempre presente no violão. Toca muito o garoto. Eu ali, cantando, com a minha pose de Liam Gallagher (ou seria Ian Bronw). Tinha mais um pessoal, dois caras formados em música pela UFRGS e a namorada de um deles. De repente, do nada, surge um camarada, meio mendigo, pedindo pra tocar Camila do Nenhum de Nós. Um dos formados em música pegou o violão e tentou tirar de ouvido. Conseguiu. Aí deu a louca no camarada, ele disse que ia compôr uma música olhando pro mar, que era pra gente anotar tudo. Ia ser a melhor letra que veríamos em nossas vidas. Fizemos um samba rock no violão e o cara foi indo... rimando, cantando dentro do tom, e no tempo. Chegou uma hora em que ele fez uma rima, que eu fiquei boquiaberto. Olhei pra um dos meus amigos e ele também fez uma cara de espanto. Pena que não lembro como era o verso. Descobrimos o Trovador Solitário do Litoral Gaúcho.
A quarta noite pra mim foi a melhor. Fomos em um barzinho falar bobagens e beber besteiras. O Fábio e o Montanha ficaram em casa bebendo caipira, depois eles nos encontrariam. Conhecemos umas gurias no bar. Nisso os dois (Fábio sempre com seu inseparável violão) chegaram e a turma toda foi tocar e cantar na beira da praia, deixando o Cabeça e o Guilherme com as duas gurias. Acontece que mal começamos a tocar e chegou um mendigo. Dessa vez um daqueles chatos pra burro. Via-se claramente que ele tava chapado. O pó branco havia inibido sua acetilcolina neuronal.Por um momento achei que ele ia nos assaltar. O mendigo foi enchendo o meu saco, até que eu disse que o Cabeça tinha mandado uma mensagem nos chamando pra voltar no barzinho (óbvio que era mentira, foi só pra despistar o meliante). NO FIM DAS CONTAS AQUELE BIZARRO ME ABRAÇOU. QUE NOJO!!! Fugimos do mendigo, indo para o Centro. Não durou muito, o cara nos achou com sua bicicleta demoníaca. Dessa vez fugi sozinho, peguei o violão e me mandei pro barzinho. Sentei junto com o Cabeça, o Guilherme e as gurias. Os outros foram vindo pouco a pouco. E aí aconteceu o melhor da madrugada (já deviam ser umas quatro, só tínhamos nos e mais um pessoal no bar). O Fábio pegou o violão e eu comecei a cantar. Quando olhei em volta tinha muita gente cantando junto. Fiquei muito feliz. Uns borrachos no bar do outro lado da rua estavam com as mãos levantadas, fazendo aquele movimento clássico dos shows. Tinha mais um pessoal com eles, e eu fiz aquele movimento com os braços pedindo que o resto também fizesse o movimento dos braços, e deu certo. Eu tava numa euforia só. Emendamos "Sinceramente" e "Anna Júlia" todos cantavam, meus olhos deviam estar brilhando, com certeza estavam. Aí chegou o dono do bar e nos mandou embora, dizendo que o bar tava fechando. Gritei para irmos para o bar do outro lado da rua. Adquirimos mais alguns fãs. E nos enxotaram mais um vez. Fomos pra beira da praia, terminar o nosso show. As gurias pareciam estar curtindo bastante, e o álcool no sangue delas também parecia (devia ser por isso). Uma delas cantava loucamente (e bebadamente) comigo. Haviam uns caras que tinham vindo junto do centro também (esses não eram mendigos pelo menos. Eram uns da mesa dos borrachos lá do outro boteco), que, em compensação, estavam aporrinhando demais. Como disse o Cabeça: "Quando eu quiser lembrar de uma pessoa chata, eu vou só pensar naquele gordinho.". No fim fomos embora pq o tal do gordinho era porrista demais, já diria Holden Caulfield [The Catcher in the Rye].
Acho que foi a nossa melhor apresentação, tá certo que não teve muitas, e nenhuma com um grande público, mas essa madrugada vai ficar marcada na minha memória durante muito tempo. Fábio mandando ver naquela viola, eu cantando na pose de Liam, como sempre. Memorável, memorável... Eu tava tanto na adrenalina do "show/lual" que fui ver o sol nascer com o Fábio e o Cabeça. Estava totalmente sem sono.
A próxima noite foi tensa. Uma quinta. Nunca vou esquecer. Aliás, sou um dos poucos que pode dizer que lembra. Os caras entornaram o caldo bonito. E o Marcelo, um dos poucos que não bebe pra valer, tinha ido pra outra praia, voltava só no dia seguinte. Tive que ficar de "guarda" sozinho, e a noite foi engraçada demais. Claro, que as vezes um dos bêbados te aporrinha um pouco mais e tu fica meio irritado, mas nada que estrague a noite. Fomos no famoso Tazz. Nada demais lá, dessa vez. Foi engraçado ver o Fábio. Parecia muito que o cara tinha tomado um LSD. E sim, vou te encher o saco com isso até o fim da vida. Outra coisa que lembro é o Bernardo (totalmente bêbado) falando com o Guilherme (sóbrio) sobre literatura. Eu só ficava ouvindo e rindo. Depois ele veio dizer que ia dar tudo certo entre eu e a Fernanda, que eu ia conseguir. Isso se repetiu umas três vezes. No outro dia, só o suco de couve salvava. Terminei a noite levando o violão pra beira da praia, junto com o primo do Marcelo. Vimos o sol nascer. Seria romântico, se eu não tivesse com um homem. E mais uma vez, violão + beira da praia = mendigo. Veio um com uns conselhos engraçados. Deviam por placas na beira-mar de Capão: "A PREFEITURA DE CAPÃO DA CANOA ADVERTE: TOCAR VIOLÃO NA BEIRA DA PRAIA ATRAI MENDIGOS.".
A noite de sexta foi muito ruim, não fizemos nada de útil. O ruim é que foi a última noite do Cabeça, e foi meio sem graça. Já na noite de sábado, cansamos de Capão, fomos a pé, no meio da madrugada, de centro de Capão até o centro de Atlântida. No fim dessa noite eu me sentia um serial killer perseguidor de mulheres, já explico pq. A primeira coisa que vimos quando chegamos no centro de Atlântida foram as gurias do lual. Fomos falar com elas, e elas estavam sérias e frias. Foi meio tenso ir lá puxar papo. Logo após dar oi, eu vi que não deveríamos ter ido. Convidamos elas pra mais um lual. Logo após isso, elas sumiram (talvez a música não tivesse sido tão boa assim...NOT). Sentamos num banco pra tocar o nosso violão em paz, aí começou a juntar um monte de gente em volta. E o pior, eram só guris. Sendo que um deles cantava muito mal, e era meio chato também. Quando fomos ir embora, pra fugir dos guris, o amigo do chato estava tocando Seu Jorge no violão. Aí eu cheguei pra me despedir do chato:
"- Falo, meu. Nós vamos ir procurar umas gurias, que tocar violão com um monte de homem em volta eu não pilho."
Ele me olhou, bem fundo no olho. Como se fosse profetizar algo que ninguém nunca ouviu. Tive a impressão de que teria uma epifania. Ele apontou pro amigo dele tocando violão, balançou cabeça, apertou a minha mão e abriu vagarosamente a boca:
"- Seu Jorge..."
NOOOOSSAAAAAA. Sábias palavras. Não estava nem um pouco alto o garoto.
Depois, caminhando por uma praça, passo por uma vizinha minha, que eu, siceramente cuidei um tempo atrás. Até tentei forçar um contato naquela época, mas não deu. Nessa hora que eu comecei a me sentir um perseguidor de meninas indefesas. Já era a segunda vez na mesma noite. Aquela noite foi bem deprimente, sei lá pq. Voltamos a pé pra Capão umas quatro e meia da manhã eu, o Marcelo e o Guilherme. O resto foi de van, aproveitando que tinha a saída do Planeta Atlântida (festival de merda, diga-se de passagem).
Uns dias antes o Marcelo tinha me convidado pra ir pra Cidreira com ele, passar mais um semana. De Porto Alegre vinham notícias que estava impossível de dormir, de tanto calor. Verifiquei minha guaiáca, e tinha dinheiro suficiente. Me senti Chris MacCandless [Into the Wild], apesar de ele não ter feito exatamente isso. Foi mais uma semana na praia, pra dar uma "slow down" depois de estar a mil por hora em Capão. E eu estava livre pra pensar na Fernanda. Lá em Cidreira eu e o Marcelo falamos muitos sobre nossos planos futuros e tudo mais. Vi que esse meu semestre vai ser difícil, não só nas cadeiras da faculdade, mas também pq eu vou ter que arranjar um tempo pra falar com a Fernanda no "entre-aulas" ou algo do tipo.
É meus caros, voltei de Cidreira com uma tosse esquisita. O seu amigo foi assolado pela tuberculose. O mal do século. Que assola os grandes escritores como Lorde Byron e Álvares de Azevedo, agora chegou minha vez. Me recupero. Acho que amanhã ou depois já estarei totalmente recuperado. Sempre volto enfermo da praia, é impressionante.
Enfim, talvez agora seja tarde demais pra sentir saudade do que passou. Na minha vida, espero que venham muitos momentos iguais a essa semana que se passou. Agora que vocês já conhecem a lenda do lagarto laranja, podem sair contando a história por aí aos quatro ventos.
"Ele sorriu de sua confusão, o caos do seu sangue e do seu cérebro."
Espere a Primavera, Bandini - John Fante

15 de jan. de 2010

Seriously, what the fuck ?

Seriously, what the fuck ? I - Começou aquele festival de bizarrices televisionadas pela rede Globo, que alguns chamam de "Big Brother". Na boa, tudo bem passar essa porra pros brasileiros curiosos ficarem vendo a intimidade dos participantes, e depois usufruir dos quinze minutos de fama. Mas essa merda toma proporções gigantescas, todo mundo fica comentando. E falam contigo como se tu fosse um espectador assíduo, sabendo o nome de todos os participantes, suas idades e orientações sexuais. Ano passado a Patrícia me ligou e disse pra eu votar em sei-lá-quem, que era a final do programa. Óbvio que eu não votei e ainda mandei ela longe. Pra quem vê esse cultuadíssimo programa - favor, não comentá-lo comigo. Aos participantes do mesmo - Aproveitem seus quinze minutos de fama.

Seriously, what the fuck ? II - Quem esse Guy Ritchie pensa que é pra fazer um filme do Sherlock Holmes desse jeito? Só pq ele dava um trato na Madonna (o que antigamente seria uma coisa de respeito, hoje em dia... deixa pra lá), ele não tem o direito de colocar inúmeras explosões, perseguições alucinantes, lutas cheias de efeitos especiais, etc. Na minha juventude eu li muito Sir Arthur Conan Doyle, tenho quase a coleção inteira do Sherlock Holmes. E todo mundo que já leu sabe que o Holmes era um preguiçoso de mão cheia (único exercício que ele fazia era para o seu cérebro). Sabe que explosões nunca chegaram perto das suas histórias. E que ver o Holmes pulando por uma janela dentro do Rio Tâmisa, é quase uma cena psicodélica fruto de uma viagem de LSD. Nunca verei esse filme, nem que me paguem.

Seriosly, what the fuck? III - Acho impressionante como eu tenho admiração por esse país chamado Inglaterra. Desde pequeno, sempre falei, que se fosse trocar Porto Alegre por outro lugar no mundo (pra morar o resto da vida), um desses lugares seria alguma cidade inglesa. Como eu já disse nesse post, fui muito fã de Conan Doyle. Mas eu quero mesmo falar de música. Primeiro foi Oasis(quando eu tinha uns onze anos, eu era muito fão, voltei a ser, agora, após a minha ida ao show dos caras), depois veio o Iron Maiden. Beatles, Rolling Stones e The Who vieram quase ao mesmo tempo, apesar de eu já obviamente gostar Beatles há milhares de séculos , por influência do meu finado tio (herdei tembém a idolatria exagerada pelo George Harrison, como já pode ser constado), fui conhecer a fundo somente pelo meio do ano retrasado.
Agora eu descobri duas novas bandas. Uma delas é o Stone Roses, pouco conhecido por aqui, mas idolatradíssimos lá. Uma das principais influências do Oasis (Liam imita descaradamente o Ian Brown, vocalista do Stone Roses), é um pouco estranho nas primeiras vezes em que se ouve, devido ao vocal singular do Ian, mas depois que eu me acostumei, eu comecei a curtir muito. A outra, são bem conhecidos, o The Verve. Eu só conhecia "Bittersweet Symphony", me interessei mais e fui atrás de mais músicas. É muito bom. Fez parte do movimento Britpop junto com o Oasis. Só tenho que me lembrar de que em momentos de depressão eu não posso ouvir "Drugs don't work". Depois ainda descobri que Noel Gallagher compôs "Cast No Shadow" pro Richard Ashcroft, vocalista do Verve, e , sinceramente, essa é uma das melhores músicas do Oasis, na minha opinião.


Enfim darei um tempo por aqui. o lagarto está saindo de férias. Garopaba com a família e Capão da Canoa com os amigos. Promete, e eu mereço.

"Here am I, going nowhere on a train
Here am I, growing older in the rain
Here am I, going nowhere on a train
Here am I, gettin lost and lonely, sad and only wild sometimes '
'Cos my life feels so tame"

Oasis - Going Nowhere

12 de jan. de 2010

Fragmentos do caderno púrpuro (parte I)

Explicando a situação - Eu ainda estava no período letivo, portanto, ocupadíssimo (e preocupadíssimo, também) com as provas de Genética. Sem tempo nenhum para o Lagarto. Recorri ao meu caderno roxo. Uma noite, eu estava sozinho em casa. Depois de ter terminado meus estudos, fui fuçar na internet. Acabei, sem querer (mesmo, juro!) entrando no orkut da Fernanda. Comecei a ver o vídeo dela de "There is a Light That Never Goes Out" dos Smiths. No meio do vídeo aconteceu a coisa mais irônica que poderia acontecer. Faltou luz. No escuro mesmo, eu peguei meu celular pra fazer uma luz e fui escrevendo no caderno:

[Falta luz no bairro inteiro]

"Mais uma vez a luz se foi. Tudo é escuridão pela minha janela, e na minha mente não é muito diferente. Apenas duas coisas não deixam ela ser escura totalmente. Uma delas é a esperança, que apesar do meu jeito de ser, eu sempre a levo comigo. A outra... Bem, you know what I mean... Me seguro muito pra não fazer o que eu quero e o que sei que tenho a fazer. É muito estranho e contraditório, mas não é a hora certa.
Mas esperar até quando ?
Aproveitar tudo ou se resguardar ?
Tento achar a reposta, fazer a escolha certa, mas na minha cabeça... na minha mente é quase tudo escuro.
[Uma mulher, sem absolutamente nada pra fazer, começa a cantar 'Chora, me liga' quebrando o absoluto silêncio que a falta de luz trouxe. Eu penso: Oh, God. I really deserve it. ¬¬']
Let me show how high we can fly together, how high my love can take you. And after this, I'm sure, you will never forget my name.
It's all I ask of you.
It's all I've got to do.
Forget the past, it doesn't matter anymore.
Forget the other guys, they are just trying to be me.
Maybe, you're gonna be the one that will saves me.
And, if after this fuckin' mess, I'm still alone...
I'll give up... forever (or maybe I'll beg for another heart).
But there is a light that never goes out... In my mind.
[A luz volta]
18/12/2009"

Desculpem os erros de inglês... De verdade. :(

"Now I'll never dance with another. Since I saw her standing there."
The Beatles - I Saw her Standing There

8 de jan. de 2010

2010

Pela primeira vez na minha vida (sim, pq desde que eu tenho um ano de idade isso acontece) a situação se inverteu. Uma pequena depressão (ou seria 'incomodação' ?) no Natal e uma euforia estranha no Ano Novo. Talvez fosse Canela, talvez fosse por passar o Ano Novo perto de poucas pessoas que representam muito pra mim ou talvez seja o simples fato de eu esperar muito de 2010. Pra mim, tirando 2007 e o início de 2008 (que foram ótimos sempre digo "a melhor época da minha vida), todos os outros anos da minha vida foram indiferentes, não foram nem MUITO bons, nem MUITO ruins. Não faço promessas de início de ano, pq sei que não vou cumpri-lás, o que me deixa indignado comigo mesmo. Talvez eu apenas trace alguma metas que podem simplesmente serem feitas ou não. Tenho esperança que 2010 seja um ano como 2007, e pressinto que será. \o/

Quando estávamos em Canela, eu descobri que eu não seria um bom pai, pelo menos por agora. A minha irmã passava o tempo todo falando em "noel, noel". Se fosse minha filha, eu sentava ela num sofá e colocava um DVD do Oasis pra ela ver. Mais tarde descobri que ela falava isso por ver os papais-nóies nas vitrines das lojas. Outra hora ela falou em "lefanti" (não, ela não estava se dirigindo a minha pessoa) pq tava brincando com meu chaveiro, que é um elefante. Ora, pra mim foi explícito a vontade dela de ler "Pergunte ao Pó" ou "A Caminho de Los Angeles". Na verdade, se for olhar por uma outra ótica, isso não seria ser um mau pai.

Férias meio monótonas ainda, eu tô naquele minha apatia levemente depressiva que poucas pessoas entendem. Mas Garopaba e Capão estão chegando. Óbvio, tenho mais ansiedade por Capão do que por Garopaba, por mais estranho que isso pareça. Espero que o mar contribua esse ano, pq ano passado só faltou isso pra ida à praia ser perfeita.

Ai, ai, Capão, Canela, Chicago. Essas cidades com "c" na inicial ainda me matam do coração, cada uma por um motivo diferente. =D

Bom vestibular aos jedis que o farão. Eye of the Tiger.

25 de dez. de 2009

Eu sinto sua falta...

Sim, estou falando contigo, Lagarto (alguns vão dizer que não, maaaas...).
Depois de muito tempo sem postar (e isso me fez uma baita falta, tive que apelar pro meu caderninho roxo do DMAE), volto a escrever estas tortuosas linhas, no dia em que tu completas um ano de vida. Parabéns, Lagartão. Confesso que já tive vontade de te deletar, mas não seria prudente, além de não ter motivos pra isso (se eu quiser é só parar de escrever, pelo menos as histórias continuariam vivas).

Enfim, foi um final de semestre bem difícil. Tive que ter o Eye of the Tiger, mesmo. Histologia, e ,principalmente, Genética. Nessa última semana eu só pensava na prova (tá, mentira, às vezes eu pensava na Fernanda -e depois eu conto melhor a história- e em outras, a grande maioria das horas, eu pensava em como eu queria férias). Chegou no dia da prova, eu almocei com o Marcelo, e eu tava uma pilha de nervos. Mas deu tudo certo, e agora estou de férias, finalmente. E com elas, como sempre, vem as histórias de férias e a viagem pra CAPÃO. Eu sei que as minhas férias não seriam a mesma coisa se eu tivesse rodado nesse lixo de cadeira que deram o nome de genética. Mesmo ela não me atrasando nada (eu iria pro terceiro semestre igual), eu ia ficar com aquele pensamento: "Merda, rodei. Vou ter que ver toda essa porra denovo.".

Falando em Fernanda. Ela é a bixo que eu conheci uns meses atrás, e contei como foi em uns posts abaixo. Sim, eu estava afim, e não queria bater com a cara no chão denovo, então bolei uma estratégia. Fui ficando amigo das amigas dela e a que eu conseguisse me aproximar mais, eu contaria tudo pra ela e pediria uma "luz". Como eu já era mais ou menos próximo da Lays (uma das amigas) foi com ela mesmo que eu falei.
Ela disse que seria suicídio falar com a Fernanda agora, por dois motivos que estou com preguiça de explicar (e todos já sabem que motivos são esses), mas que se eu eu quisesse mesmo, eu dava um tempo, e tentava depois. Usei esse semestre pra me aproximar da Fernanda, fiquei amigo de verdade. Conversas no MSN, ajuda nos estudos, convites pra jogar bola, trocas de scraps, etc. Nada em demasia, primeiro pra ela não desconfiar de nada logo de cara, e segundo pra ela não enjoar da minha cara e me achar grudento. Fiquei bem amigo da Lays, também. É sempre bom ter pessoas que se pode confiar nesse tipo de circunstância.
Sinto que se eu tivesse que falar com a Fernanda, eu não teria medo ou ficaria nervoso. Ela passa um ar de serenidade, que te deixa calmo, e eu acho isso muito estranho, mesmo gostando. O meu maior medo era que chegasse um filho da puta qualquer antes de mim e levasse ela embora. Falei com a Lays sobre isso. Ela me falou sobre dois caras, mas na boa, nenhum dos dois é o bastante pra ela (declaração à la "William"). Aí me preocupei com ela nas férias. Até que ela me contou que iria pra Chicago. UUUUOOOOOUUUU, isso era o melhor que eu poderia esperar. Um lugar longe, com outra língua, etc.

Agora me preocupo comigo, nas férias. Eu quero aproveitar, quero esquecer ela. Sim, e não tenho pq não dizer isso, afinal a gente não tem nada ainda. Já disse pro pessoal que eu vou esquecer, pelo menos enquanto estiver em Capão. Vai ser difícil ? Vai... Mas acho que é totalmente possível. Quero ir no Tazz pra caçar, sem ficar com ela na cabeça e tal. O que acontece em Capão, fica em Capão, E PONTO FINAL. Se eu não conseguir, paciência. Não ficarei triste nem nada...

Faliz Natal a todos.
E feliz aniversário, mais uma vez Lagarto.

17 de nov. de 2009

Crônicas do Lagarto Gordo.

Era uma quinta-feira, eu lembro, fazia calor. Estavámos eu e um colega almoçando ao ar livre e conversando sobre qualquer besteira. Eu, como um bom glutão, deliciava-me ao devorar meu xis, deixando as batatas-fritas pro final. Um sujeito meio estranho rondava o local. Não um mendigo propriamente dito, mas só de olhar tu via que ele não tomava banho há um bom tempo, mesmo que suas roupas não estivessem rasgadas ou sujas. ele ia pedindo algo de mesa em mesa, com um papel na mão. Eu ia acompanhando o camarada com o canto do olho, enquanto comia, vorazmente meu xis, refletindo o que estaria escrito naquele maldito papel.
De repente o severino vem na nossa mesa. Meu amigo fechou a cara no mesmo instante:
- Boa tarde. Desculpe estar atrapalhando o almoço de vocês. Mas eu estou totalmente sem dinheiro, e meu filho está no rodoviária. Pra provar que eu tô falando a verdade eu tenho esse papel comigo (nesse momento ele me passa o bendito documento). Sou cearense, e nós temos que ir embora daqui. Peço que contribuam comigo com qualquer coisa.
Li as primeiras linhas do documento, vi que não provava porra nenhuma, e devolvi ao indigente.
- Bah, cara... Eu tô sem nada aqui. Eu gastei tudo no almoço. - eu disse (na maioria das vezes que nós falamos isso é pq queremos nos livrar do mendigo, mas dessa vez era verdade)
- Pode ser qualquer coisa... Qualquer coisa mesmo. - ele disse isso olhando fixamente pro meu xis
Ah não, minha comida não. Nunca. Minha Coca-Cola estava no final, ofereci-a ao cidadão, ao que o mesmo, PEGANDO A LATA DE REFRI, responde:
- Mas eu tô com fome... Posso pegar uma pipoquinha ?
Pipoquinha ??? Que pipoquinha ? Da onde esse maluco tirou isso ? Nesse momento ele aproxima perigosamente a sua mão imunda do meu pacote de batata-frita. Não, não e não. Minhas preciosas batatas-fritas não. Resolvi dar uma de demente, enquanto empurrava o pacote pra mais longe:
- Que pipoca ?
- Essa pipoquinha, aí... Só uma pipoquinha ? Posso ? - Enquanto sua mão cheia de germes, micróbios, protozoários e afins ameaçava meu pacote novamente, como um urubu que voa em volta de um animal moribundo. Puxei o pacote pra mais longe, denovo, e disse:
- É batata, véi...
- Tá, me dá uma... - A mão denovo.
- Tá, então, calma- separei umas três ou quatro batatas num guarda-napo e dei ao indigente
Meu amigo, alheio a toda história olha pra mim e fala:
- Tu vai por céu, mas tu é idiota. Esse cara tinha que arder no mármore do inferno.
- Coitado do cara. Ele tava com fome, só não precisava inventar toda essa história pra eu dar as batatas pra ele.
Quando termino de falar isso, olho pro lado e vejo que o cara já tinha engolido todas as batatas e secado a lata de refri inteira. O INFELIZ NEM SENTIU O O GOSTO DO DOCE SORO NEGRO DO CAPITALISMO (vulga Coca-Cola), e ainda por cima jogou a lata no chão. Uma irritação me subiu a cabeça e falei alto pro meu amigo:
- ESSE CARA MERECIA ARDER NO MÁRMORE DO INFERNO !



***



Mais um dia nublado em Porto Alegre(aquela coisa de chove e não molha, muito comum aqui e em Seattle[podia ter uma cena de bandas grunges aqui também, e eu ser tipo um Eddie Vedder :P]), e eu estava acompanhando um colega meu até a parada de ônibus em frente a nossa faculdade. Eu ficaria na faculdade por mais um tempo por motivos de força maior (leia-se 'quero trovar a bixete'). Estávamos já quase na saída do local, quando um carro vem mais rápido que o normal ao meu encontro, e eu fico encarando a motorista, pensando se tinha alguma motivo pra ela dirigir tão rápido dentro da faculdade. Fiz um comentário besta, meu colega fez uma piada sem graça, e uma senhora que já não é muito nova, desata a gritar e chamar a atenção:
-AUUUUUUUUMMMMM, GURIIIIIISSS... QUE FEIOOOOO!!!
Eu já pensei com meus botões, "Essa véia vai querer me dar um sermão pq eu tava no meio da 'rua', dentro da faculdade, atrapalhando o 'trânsito ¬¬" . Então, dominando pelo meu lado housiano, virei pra ela com a cara mais mal-humorada e antipática que consegui fazer e perguntei:
-Que que houve ?
- AUUUUUUUUUUUMMMM, GURIIIIIISSS... QUE FEIOOO!!! [por um momento achei que ela era um robô que tinha sido programado para ter apenas uma fala] VOCÊS NÃO TEM VERGONHA, NÃO ?EU COM CINQUENTA ANOS, E VOCÊS ME SECANDO... TENHO IDADE PRA SER VÓ DE VOCÊS.
Nesse momento meu cérebro desligou totalmente, e pensava espassdamente: "Que ? Como assim ? Que que essa véia tá falando ? [curto circuito nos neurônios] Não tô entendo... Que que tá acontencendo ? Secando ? [morte celular de alguns neurônios] Será que eu tô são ? Tomei alguma droga alucinógena ? Ou foi a aula de Genética que me deixou assim, tendo alucinações?"
Retomei a consciência, virei pro meu colega e perguntei:
- Que diabos foi isso ?
Nisso chega o segurança da faculdade e pergunta:
- Que loucura é essa aí ?
Meu colega contou toda a história, e revendo os fatos, entendi tudo que tinha acontecido. O segurança chorava de tanto rir e dizia:
- Ou ele tem problemas ou ela deve se achar muito gostosa... É, de qualquer jeito ela tem sérios problemas
- Já vi tudo... Deu, podem fechar meu caixão. - eu disse




"I want to live my life with the volume full"
Pearl Jam - Supersonic

5 de nov. de 2009

Vinícius Gageiro Marques - Yoñlu

Sei que muitos de vocês não gostam dele, sei que o assunto é um tabu, mas peço que tirem um tempo ocioso para ler, mesmo a matéria sendo grande. Peço desculpas desde já se houver algum erro de português (eu apenas baixei a matéria da internet) ou algum erro de continuidade (eu cortei umas partes menos interessantes e não reli a matéria inteira):

Canções para viver mais - por Marcelo Ferla
Matéria publicada na revista Rolling Stone n°18 - Março de 2008.

O quarto de Vinícius fica no meio do corredor, à esquerda. É lá que estão o violão, as partituras, a coleção refinada de CDs: Beatles, Radiohead, R.E.M., Flaming Lips, Tom Waits, Jeff Buckley, Strokes, Air, Beastie Boys, Billie Holliday, Cateano Veloso, Vitor Ramil, João Gilberto. As fileiras são desordenadas e alguns discos cobrem os demais, mas nem preciso revirá-los para ver melhor. Já deu para entender as referências dele. Ao lado da cama de solteiro, coberta por uma colcha do Grêmio, estão um pôster do vocalista do Radiohead, Thom Yorke, o mais brilhante artista da música pop do século 21, e outro do grupo escocês de pós-rock Mogwai, autografado. Na cabeceira da cama repousam, sobre um travesseiro, o terço da primeira comunhão e um CD que estampa na capa a foto de Vinícius - bonito e concentrado, com headphones e agasalho esportivo vermelho abotoado até se formar uma gola alta. "Yoñlu" é o que está grafado na capa do disquinho digital. O estúdio caseiro onde as 23 faixas do CD foram gravadas, entre 2004 e 2006, fica no meio do mesmo corredor, à direita. Abriga o aparelho de som do garoto, mais discos, uma guitarra, um teclado e o seu computador, um PC onde os sons foram registrados com um aplicativo básico de áudio, o Cool Edit Pro, e um microfone.

Os dois cômodos mais freqüentados por Vinícius Gageiro Marques, filho único da professora universitária e psicanalista Ana Maria Gageiro, e segundo do professor universitário Luiz Marques (Fernanda é do primeiro casamento), permanecem arrumados como se ele fosse chegar a qualquer momento do tradicional Colégio Rosário, onde cursava o ensino médio, para navegar na internet e fazer música, seu passatempo predileto. A rotina dele também englobava as visitas ao analista, ao cinema, às aulas de teclado e guitarrra e, sazonalmente, a uma academia de ginástica. "Manter tudo como era faz parte da elaboração da perda", explica Luiz Marques, que me recebeu em uma tarde incandescente do verão sulista, no final de dezembro de 2007, para falar do álbum póstumo de Yoñlu, assinatura virtual (de significado ignorado) de Vinícius, que abreviou a própria vida na tarde de 26 de julho de 2006, 36 dias antes de completar 17 anos, ali mesmo, no apartamento do bairro São Geraldo, zona norte de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

Naquele dia, o garoto permaneceu on-line até lacrar o banheiro, onde morreu por intoxicação de monóxido de carbono. Seus últimos momentos foram acompanhados por internautas com quem ele se comunicava em um fórum virtual de suicídio. Alguns inclusive deram conselhos de como agir para executar o plano preconcebido - às 14h18, Yoñlu relatou que tinha duas grelhas queimando no banheiro, postou uma foto e perguntou: "Alguém, por favor, pode dizer quando posso entrar no banheiro e deitar?"; às 14h42, um internauta pergunta: "Como você está se virando? Espero que você consiga. Talvez você vá voltar tossindo"; às 14h44, Yoñlu retorna ao computador e reclama do calor: "O que eu devo vestir para tornar isso mais suportável? Pelo amor de Deus, alguém por favor me ajude"; às 15h11, um internauta alerta que a emissão do monóxido de carbono pode afetar os vizinhos; algumas horas depois, alguém escreve que o suicídio deve ter sido consumado, pois ele não entrou mais em contato.

Estamos na sala de estar que tem como cenário dezenas de quadros com fotografias tiradas por seu filho, um adolescente poliglota que se alfabetizou em francês (morou com a família em Paris dos 3 aos 7 anos), falava e escrevia em inglês fluente sem nunca ter freqüentado cursos específicos (aprendeu assistindo filmes na tevê e no cinema) e chegou a estudar galês, que se propunha a ensinar pela internet - "Tinha um aluno, um maluco", brinca o pai.

Seguidor da lomografia, Vinícius se dedicava a retratar o cotidiano de forma imprevisível desde os 13 anos, usando as cultuadas câmeras russas Lomo, que adquiria pela internet com a ajuda da mãe, com quem passava horas pesquisando pelo modelo a ser encomendado. "Ele era sério, até demais, e costumava se aprofundar em tudo antes de tomar qualquer atitude", lembra Ana Maria Gageiro, que me recebeu alguns dias depois de eu entrevistar seu marido, na mesma sala de estar onde ainda permanecia, em um cesto de revistas, uma publicação que estampava a manchete "Deus Existe?". Foi só depois de muita leitura, por exemplo, que o intelectualizado Vinícius (lia Kafka aos 12 anos) se decidiu em adquirir seu gato pêlo curto inglês "importado" do Rio de Janeiro. "Albert o seguia pela casa o tempo todo", recorda a mãe, com o gosto doce da lembrança e os olhos que miram o infinito. O bichano, que permaneceu escondido nas duas visitas que fiz ao seu lar, é tão sensível quanto era seu dono. "Desde cedo, eu percebia que a antena sensível do Vinícius para o mundo também era a fragilidade dele", revela Ana Maria, com conhecimento de causa: é doutora em psicologia pela Universidade Paris Diderot-Paris 7. Porque "a relação com o outro era um desafio quase intransponível", ele passou a fazer análise já aos 8 anos. A mãe era uma das poucas companheiras da curta adolescências do garoto que, até os 14 anos, preferia sair com o pai para ir ao cinema, uma grande paixão, e aos jogos do Grêmio.

Além de participar de grupos internacionais de fotografia, Vinícius desenhava muito bem (seus traçoes e colagens remetem a Stanley Donwood, designer do Radiohead) e tinha uma aptidão musical impressionante. Na teoria, demonstrava conhecimento e senso crítico em análises profundas sobre a música pop, sempre escritas em inglês e disponibilizadas na internet. Com 13 anos, fez uma compilação em CD, que enviou para amigos virtuais mundo afora, selecionando os artistas que julgava mais importantes para a história evolutiva do rock: Beatles ("A banda"), Mutantes ("a mais inovadora do Brasil"), David Bowie ("antena britânica"), Bob Dylan ("pioneiro"), Clash ("o grupo punk definitivo"), R.E.M. ("baliza pós-punk que apresenta o guitar pop como alternativa ao rock"), Smiths ("demarcaram o fim da new wave e o começo do guitar rock"), Jeff Buckley ("o mais importante letrista americano"), Oasis ("junto com o Blur, o sólido parâmetro do brit pop"), Super Furry Animals ("primeira banda pós-alternativa") e Radiohead ("para fechar com chave de ouro o ciclo iluminado").

Entre o lirismo poético e um salutar nonsense, as letras, escritas em inglês, ajudam a desvendar quem era Vinícius. Assuntos como depressão, indaqueação e suicídio estão espalhados entre as faixas selecionadas para o disco. "Katie Don't Be Depressed", uma pérola musical com guitarras quentes e letra polar, é sombria: "Katie não fique deprimida / é sério, quero dizer, que porra é essa? / um pensamento se lança pela sua cabeça / e vê você se contorcer e berrar / apesar de uma mão o segurar / apesar de ser jogado no chão"; "Humiliation", voz, violão e incapacidade de declarar uma paixão, é pungente: "Por que isso sempre acaba em humilhação para mim? (...) Eu vou dizer porque / Eu vou morrer"; a balada triste de palavras cuidadosamente mastigadas "Suicide Song", escrita um mês antes da data fatal, é assustadora: "Agora ela se foi como todo mundo que conheci / agora o meu suicídio está iluminado pelo pôr-do-sol / se quer saber a minha opinião, é bem triste / acho que não vou estar / presente para ver o seu rosto".

Ana Maria Gageiro, que estudou violão e tem boas noções musicais, sempre foi uma grande incentivadora da vocação do filho, não por acaso batizado em homenagem a um dos mais importantes letristas da bossa nova. "Casualmente, o último filme que ele assistiu foi o documentário sobre o Vinícius de Moraes", lembra a mãe, que apresentou ao garoto bandas como Queen e passou a gostar de artistas como R.E.M. e Los Hermanos por causa dele. "De vez em quando, sentávamos para tocar e cantar, e ele me pedia opinião sobre algumas das músicas que estava compondo."

Apesar de ter sido uma efetiva interlocutora musical, Ana confessou, antes mesmo de eu ligar o gravador, que não consegue ouvir o disco de Yoñlu - mais no final da entrevista admitiu que "aquilo ali pra mim é um inferno, né?", referindo-se ao quarto do garoto, que o marido preferiu manter arrumado, como nos velhos tempos de convivência a três.

É das brincadeiras cotidianas de Vinícius, o parceiro de programas adolescentes, que ela mais se ressente. "Sempre tive dificuldade de entrar nessa empolgação do CD", afirma Ana, referindo-se ao empenho de Luiz Marques em perpetuar a arte de Yoñlu. "Passei a encarar a morte de uma maneira completamente diferente e mergulhei no trabalho para tentar seguir adiante. Ou tu engata na vida, e vive mesmo com uma dor destas, mergulha em alguma coisa [longo silêncio]. Tudo termina em nada. Aprendi que tem que pegar leve. Porque, olha [suspiro profundo], de uma manhã para uma tarde, tudo muda. A vida escorre pelo dedo. Pega leve."

Até o fatídico 26 de julho de 2006, Luiz não conhecia nenhuma música, muito menos sabia da rede de interlocução do filho. Antes de se trancar no banheiro para abandonar a vida, Vinícius seguiu uma orientação do fórum virtual de suicídio que freqüentava há cerca de dois meses e redigiu uma carta de despedidda - para não incriminar os familiares. Escrita no computador, impressa e colocada junto do aviso "Cuidado - Monóxido de Carbono" afixado na porta, a carta explicava que aquilo não era uma contingência ou algo precipitado, pedia que sua vontade fosse respeitada porque a vida estava insuportável, indicava o endereço de seu blog, agradecia o apoio dos pais e lhes recomendava ouvir música quando ficassem tristes, exatamente como ele fazia. Embora não tenha sugerido que ouvissem os sons que ele mesmo compôs, deixou um CD com algumas de suas canções.

Ao mesmo tempo e no mesmo lugar onde buscava respostas para o suicídio, o computador de Vinícius (que estava sendo periciado pela Polícia Federal e pela Delegacia da Criança e do Adolescente), seu pai descobriu algumas das preciosidades sonoras que ele tinha armazenado - na grande maioria, canções próprias. Entre as poucas releituras, estão duas faixas que, por desconhecimento de Luiz Marques, não foram creditadas aos seus autores na primeira leva do CD: "Ricky", de John Frusciante, e "Little Kids", do Kings of Convenience. Muitas faixas vinham acompanhadas por comentário entusiasmados de internautas do mundo todo. O brasileiro de Gay Harbour (era como Yoñlu se referia a Porto Alegre), praticamente sem amigos reais, era um artista virtual definido como genial por ingleses, escoceses, belgas, canadenses, norte-americanos.
"Eu 'conheci' Vinícius em um fórum de videogames, por volta de 2001", conta por e-mail o DJ escocês de breakcore/nintendocore Sabrepulse, de 22 anos e um excelente currículo de apresentações pelo Reino Unido. "Logo começamos a falar no MSN sobre música, videogames, arte e ficamos bons amigos. Aí ele começou a me enviar arquivos de mp3 com suas gravações. Ele era muito talentoso. Na verdade, comecei a escrever música por causa dele, que me enviou uma faixa chamada 'Deskjet', gravada com sons de impressoras, e eu remixei usando um teclado e algumas batidas. Depois ele fez algumas cópias desse single e enviou uma para minha casa. 'Purple Haze', uma de minhas primeiras músicas, tem a voz dele na introdução. Em 2006, dediquei um de meus discos em sua memória, Chipbreak Wars, que tem um desenho do Vinícius na capa (e uma faixa chamda "XXX Is Dead"). Ainda penso muito nele."

Em seu blog, Lone Cannoneer (tirado do ar por um hacker em outubro de 2007, por decisão de Luiz Marques e em nome da preservação de familiares que apareciam fotos), Yoñlu deixou mais amostras de sua criatividade, capacidade crítica e um bom humor que, na medida em que crescia, se afastava do apartamento onde morava com os pais. Suas auto-entrevistas em forma de notícia são primorosas.

GAY HARBOUR, BRAZIL - O aprendiz de violão de 15 anos Yoñlu anunciou hoje que, apesar de praticar cotidianamente, está tocando cada vez pior. O jovem pupilo está estudando música há um ano numa escola a duas quadras de sua casa. "Bem, eu pratico mais do que uma hora por dia, mas não consigo melhorar". (...) Em um momento da entrevista, Yoñlu pegou seu violão e começou a tocar "Don't Think Twice, It's Alright", de Bob Dylan. Apesar de seu modo de cantar ser, de fato, bastante fiel ao de Dylan na versão original de Freewheelin'[1963], foi impossível não perceber que ele está tocando muito mal.


GAY HARBOUR, BRAZIL - Inspirado na recente decisão de Jason Kottke de parar de trabalhar para se dedicar ao blogging, o autor do bem-sucedido blog Lone Cannoneer, Yoñlu, está pensando em fazer o mesmo. "Bloguear o tempo todo tem sido um sonho que me acompanha há tempos", confessou o jovem brasileiro. (...) ele também estava negociando com o Blogger.com por mais banda, desde que o grande número de acessos que tem recebido diariamente começou a causar quedas no servidor nas horas de pico. (...) "Milhares de pessoas param diariamente para ler minhas novas resenhas sobre música no Lone Cannoneer, dividir suas opiniões ou simplesmente checar as novas animações. Eu não posso tirar isso delas."

Acabei descobrindo, por acaso, Flávia Carpes, ex-colega de Vinícius no Colégio Rosário e uma das 37 integrantes da comunidade "Pipoca eh o cara!!!!", do Orkut. "Flávia Carpes me contou um pouco sobre ele e disse que estavam na mesma classe, mas que não eram muito próximos", lembra Marcelo. "Quando citei as músicas, ela se mostrou surpresa com uma em especial. Depois ela ligou para uma colega para contar sobre esta música e a meu respeito. Foi assim que eu conheci (virtualmente) a Luana."

"A coisa que eu mais gosto é de falar do Vinícius", diz Luana Groch, que encontrei (pessoalmente) em um sábado pela manhã em um típico ponto-de-encontro porto-alegrense - um café, em pleno verão - para lembrar do mais tenebroso inverno de sua curta existência. Foi para ela que Vinícius escreveu "Mecânica Celeste Aplicada", nome definitivo para a música inicialmente batizada como "Luana". Ela mudou de Erechim para Porto Alegre em 2006, com a intenção de cursar o terceiro ano e se preparar melhor para o vestibular. "Entrei na turma 303 e todo o pessoal foi muito receptivo, mas logo o Vinícius me chamou a atenção, sempre contando suas piadinhas", enfatiza a garota que contrasta o ar melancólico com a disposição para discorrer sobre os bons momentos de um passado recente. "Na sala de aula, ele era muito extrovertido, de um humor inteligente, e isso me atrai bastante nas pessoas. Já no primeiro dia de aula, fui falar com ele. Depois, no Orkut, ele veio perguntar: 'Por que tu veio falar comigo?', como se tudo aquilo que ele fazia não recebesse a atenção que merecia. Mas não era verdade, todo mundo amava ele no colégio! Ele não tinha amigos assim, de viver junto, ir às festas, viagens, mas todo mundo amava ele".

Em seguida, Luana aprofunda a análise e começa a dar pistas. "Na verdade, ninguém conhecia o Vinícius, todo mundo conhecia o Pipoca. Era o aluno mais popular da sala de aula e o mais inteligente também. Ele não estudava, entregava as provas em dez minutos e só tirava 10, vivia tirando onda, até com os professores. Uma vez, ele resolveu entrar em um concurso de top model que fizeram no colégio, só para avacalhar!", diverte-se a colega que sentava longe de Pipoca e não conversava muito com ele na escola, mas gastava muitos pulsos telefônicos com Vinícius, três vezes ao dia. "Sabe aquela pessoa extremamente agradável de conversar?", dispara Luana. "Ele era sensível, parece que a gente se conhecia há muito tempo".

A afinação da dupla se estendia até ao guarda-roupa: "O Vinícius tinha um casaco igual ao meu, da Puma, preto, e a gente sempre se vestia igual. Aí, um dia, eu resolvi ir de branco na aula, eu nunca usava branco! No outro dia, claro que ele foi de branco também, a gente se olhava e ria muito, foi muito engraçado!", narra Luana, como se estivesse descrevendo o enredo de uma comédia romântica que assistiu em um cinema de calçada.

Confidente, conselheiro, companheiro, Vinícius mostrava algumas das músicas que estava compondo para a melhor amiga. "Eu achava o máximo quando ele me pedia opinião. Uma vez, ele gravou uma música e estava com vergonha de apresentar, aí a gente cantou junto. Todo mundo gostou, até o professor. E ele ficou tri feliz", arremata orgulhosa a guria, arrastando seu sotaque gaúcho. "Depois ele me falou que estava fazendo uma música para mim, ficou um tempão produzindo". O grau de amizade e confiança era tamanho que "quando ele estava achando muito chato ir no analista, me pedia para ligar no meio da consulta, ou mandar mensagens de texto, para poder inventar uma desculpa e sair", revela a garota. "Um dia ele me contou que começou a falar muito de mim e o analista chegou a pensar que eu fosse imaginária, porque meu nome é a soma das primeiras sílabas dos nomes dos pais dele".

Protagonistas de uma love story adolescente, sem nenhuma pressa ou necessidade de entrar no mundo adulto e transformar a amizade em namoro (por mais adultos que fossem), Vinícius e Luana começaram a ir juntos ao cinema e até faziam planos futuros. "Para o verão deste ano, tínhamos programado uma viagem para a França", recorda a menina enquanto mordisca os lábios, mexe e remexe nos cabelos.

Subitamente, ela desmonta a atmosfera etérea que exala e baixa o tom de voz. "Com o passar do tempo, fui vendo que o comportamento dele na sala de aula era fachada, ele não queria ser daquele jeito. Vinícius dizia que não conseguia passar o que sentia, a não ser quando estava cantando e escrevendo. Ele falava muito sobre depressão, às vezes tinha que ir embora no meio da aula porque não agüentava a pressão. No começo, ainda tinha forças, falava que queria se tratar, e eu ajudava, dizia que ele ia conseguir. Mas, às vezes, ele dizia: 'Hoje eu quase cometi uma loucura'. O Vinícius era genial, mas achava que qualquer pessoa era melhor do que ele. Era bonito, mas se achava feio, sempre falava isso. Se achava insuportável!" - ao estudar a depressão que levou à morte do filho, Ana Maria Gageiro cita como provável causa a fobia dismórfica: eventualmente, Vinícius tinha a impressão de que seu corpo iria se dissolver; "Ás vezes ele me dizia que achava que seu corpo estava aos pedaços", conta sua mãe.

Vinícius nunca deixou Luana ir até a sua casa nem deu explicações plausíveis para essa conduta. Mas as inúmeras revelações contidas em seu blog e em fóruns da internet explicam por que ele jamais revelou, nem para a melhor amiga, da existência desses. "Eu achava que ele não me escondia nada, fiquei muito chateada quando soube do blog e dos fóruns".

Na tarde de 23 de maio de 2006, no rllmukforum, Yoñlu agradeceu os cumprimentos recebidos por diversas de suas músicas e completou: "Hoje eu voltei para casa pensando em suicídio, mas depois de ler todas estas palavras gentis resolvi adiar". à noite, ao comentar a canção "I Know What It's Like", que anexou para ser ouvida, contou que "é [uma música] muito popular entre os colegas, incluindo minha ex-futura-namorada"; sobre "Untitled", revelou que é um dos tantos sons que fez para a garota que ama; de "Suicide Song", contou que foi "escrita e gravada rapidamente durante um momento depressivo" e destacou "como é bacana ouvir a voz de um suicida".

Em um relato posterior a uma ida ao cinema com Luana, Yoñlu descreveu seu próprio comportamento como péssimo, contou que sentia estar se afastando de mais uma pessoa que amava e pediu que rapidamente alguém dissesse algo gentil sobre suas músicas, antes que decidisse se matar. No dia 4 de junho, ele postou no fórum a música que fez para a amiga (depois de mostrar para sua mãe, sem dizer para quem era). Recebeu diversos elogios, como de costume. Dia 8, revelou que ela gostou da música, e enfatizou que não fez a canção para conquistá-la, mas para amenizar a má impressão que, segundo seu julgamento, a garota teria dele - àquela altura, ele já tinha declarado em seu blog que lhe causara muita surpresa o fato de ter se apaixonado por alguém, e estava entrando numa fase depressiva que culminou com textos nos quais justificava o suicídio, que podem ser sintetizados nas frases "estou perdendo minha melhor amiga para meus próprios demônios" e "eu simplesmente não consigo falar com as pessoas, ou melhor, consigo, mas não sem corromper minha identidade e me tornar alguém que eu odeio".

No final de julho de 2006, Ana Maria Gageiro encontrou a letra de "Suicide Song" sobre a cama de seu filho. "Me apavorei, e vi que ele não estava bem", recorda a professora e psicanalista. "Chamei ele para conversar e ele disse 'que era só uma música'. Eu disse: 'Não é só uma música, é uma música que fala de suicídio. Eu vejo que tu não tá bem'. Mas ele estava sempre muito decidido, as coisas batiam e voltavam, ele estava se isolando cada vez mais."

No mesmo período, Luana relata que Vinícius "começou a quebrar tudo que a gente tinha, não queria mais falar comigo, se isolou muito na sala (ia de headphones para as aulas), parou de fazer piadinhas". Alertado pelo analista, Mário Corso, de que seu paciente estava falando em se matar, Luiz Marques abriu a barra de acessos do computador do filho e descobriu que ele freqüentava um grupo virtual de suicídio - chegou a pegar um diálogo do grupo no qual Yoñlu sugeria para uma norte-americana com uma espingarda apontada para a cabeça que desistisse e fosse procurar um analista. "O Luiz imprimiu os diálogos e sentamos os três para conversar, aqui mesmo, nesta sala", revela Ana Maria. "A gente dizia que agora não era só uma música, havia conversas, mas ele argumentava que, se aquela era para ser uma solução, teria que ser e pronto. Ele foi muito categórico naquele dia". A partir da conversa, os pais não o deixaram só um minuto sequer. "Mas aí ele começou a simular uma melhora, levava até o violão para a escola. Até que, já nas férias de julho, ele inventou que faria um churrasco para alguns colegas do colégio que não tinham ido viajar" - com a desculpa de que nunca recebia amigos em casa e em nome da privacidade, pediu aos pais, professores em férias, que os deixassem a sós.

A reunião de colegas para um churrasco na cobertura, dia 26 de julho de 2006, soava tão salutar quanto o aniversário de 12 anos de Vinícius, que fez do Kiss, então sua banda predileta, o motivo da festa - ele e três vizinhos passaram o dia inteiro maquiados com produtos de um kit adquirido pela internet; o aniversiariante encarnou Paul Stanley. "No dia da morte, ele simulou tudo", recorda Ana Maria. "Foi comigo comprar comida no supermercado, me fez arrumar a mesa antes de eu sair, dizia que tinha dúvida de quantas pessoas iriam. Não vi tristeza, depressão, pavor. Lembro dele me olhando em êxtase, em paz. Eu tinha falado para ele que seria desesperador pensar em perdê-lo. Mas, para o Vinícius, estar vivo ou morto era um detalhe. Ele não usou nenhuma droga, não bebeu nada - dizia que se bebesse apenas acrescentaria mais um problema aos muitos que já tinha. Foi a convicção que deixou ele tão calmo."

No último post de seu blog, Yoñlu publicou uma foto em que está de costas entreolhando para a câmera, parecendo assustado, aparentemente numa cela. Um clique no alt-text revela a frase "É assim que eu quero ser lembrado". "A foto é de uma festa de São João no Colégio Maria Goretti, onde ele fez o ensino fundamental", revela Luiz Marques. "Ele parece estar numa prisão, e não à toa escreveu uma música chamada 'Prison', que não entrou no disco. A sociabilidade que a escola impõe, para ele, sempre foi um pesadelo".
"Eu falei com ele naquela manhã, por MSN", conta Luana, que estava de férias em Erechim, com a família, na semana em que Vinícius tirou a própria vida. Ela escreveu: "Não falta muito para a gente se ver. Estou com saudade". Ele respondeu: "Também estou".

Um ano e meio, dois capuccinos e muitas revelações depois, era eu que estava sentado numa mesa de café diante da garota que "tem o dom de deslocar assim / a lua de Netuno no ar", como Yoñlu a descreveu em "Mecânica Celeste Aplicada", sua única canção com letra em português, faixa 20 do CD cujos eventuais lucros serão investidos em um site dedicado à brilhante produção artística do garoto que produziu muito para quem viveu tão pouco, mas ainda assim fez muito pouco para quem demonstrou tanto talento. Yoñlu é um disco que deveria ser apenas um cartão-de-visitas, mas se transformou em testamento, é a celebração de uma vida com vocação para banquete que ficou no aperitivo, é uma amostra de som e poesia dos beijos que Yoñlu não deu, dos sonhos que não realizou, das angústias que não superou, de sua paixão pela arte e especialmente pela música, como deixou registrado na carta derradeira escrita para os pais, afixada na porta do banheiro, em parte reproduzida no encarte do álbum póstumo: "Eu acredito que a cadência e a harmonia certas no momento certo podem despertar qualquer sentimento, inclusive o de felicidade nos momentos mais sombrios".

24 de out. de 2009

Spending my days in the sunshine II

Falando da faculdade agora. Essa semana foi uma correria lá na vet. Tinha Semana Acadêmica e eu e o resto do pessoal do Diretório tivemos que correr muito pra organizar tudo. Desde organizar o horário das palestras, fazer as inscrições, os sorteios dos brindes até fazer sanduíche e cortar bolo. Tudo tarefa nossa. Assisti algumas palestras, e acho que já começo a ver mais ou menos no que quero me especializar. Pq é assim, com 17/18/19 anos tu tem que escolher o que tu vai fazer pro resto da vida. Tu passa no vestibular, fica feliz da vida. Daí vem aquela tia chata, fedendo a mofo e pergunta: "Tu passou em veterinária, né ? Vai querer grandes animais ou pequenos animais ?" . Eu ficava na dúvida, mas acho que tô me voltando pros pequenos mesmo. Fui num Simpósio de Oncologia com enfâse em pequenos animais que foi bem interessante, além de ter visto algumas palestras da Semana Acadêmica, que me ajudaram.
Outra coisa. Preciso do Eye of The Tiger de volta. Me ajudaaaa, George. Não recebi o resultado da prova de Genética ainda, mas em Histo, o negócio tá tenso. Ainda bem que tem mais cinco provas de Histologia, dá pra recuperar tranquilo, mas não dá pra vacilar.


Alheio a tudo isso, estava meu coração, ou o que restou dele. Quase virando uma pedra. Até que eu resolvi adicionar uma bixete no orkut. Bendita hora. Eu já tinha notado alguns possíveis olhares dela pra mim. E ela já tinha me chamado a atenção antes dos olhares. O Frodo e a Patrícia me comentaram que achavam ela bonita e tal. Aí na quarta eu resolvi adicionar ela. Ontem (sexta) eu falei UM MONTE com ela. A guria é muito simpática. Ela disse que eu sou parecido com o William Bonner (oO) e ficou pedindo pra eu repetir o "Boa Noite" que eu tinha dito. Depois ela pegou na minha mão (X.X). Eu pareço uma guria escrevendo desse jeito. Huhahuauhauhahuahu
Apesar de tudo isso, eu não quero me precipitar, não quero quebrar a cara pelo octagésima vez, apesar de que ela parece diferente das outras. Com a Mari, eu acho que eu mesmo me enganava, e ao mesmo tempo ela mostrava uma guria que eu não conhecia, as duas coisas contribuíram pra acontecer o que aconteceu.
Mas vamos esperar, tô falando com ela pelo orkut, daqui a pouco peço o MSN [:P] . Tem que conhecer ela um pouco melhor. Ainda é cedo e as coisas aconteceram muito rápido.
We Don't Get Fooled Again.


"And in your head do you feel what you're not supposed to feel. And You take what you want, but you don't get it for free. You need more time."
Oasis - Sunday Morning Call

Spending My Days in the Sunshine I

Chove chuvaaaaaa, chove sem paaaaraaaar... Abandonei o pobre lagarto, deixei-o sozinho e passar fome, em compensação tenho um monte de coisas pra contar. Eu achando que esse semestre seria calmo. Haha, pura ilusão. Tem sido um turbilhão, nada comparado com provas de Anato I e II, mas mesmo assim tá tenso.


Quero falar de uns finais de semana atrás que eu fui com os guris no famoso Beco, finalmente. Eu sempre tive um pré-conceito (assim mesmo, não era preconceito era pré-conceito) com esse lugar. Me botaram na cabeça que só iam gays, lésbicas e emos, e eu acreditei. Mas aí o tempo foi passando, eu fui vendo outras opiniões até chegou no ponto de eu e o Bernardo convencer o resto da cambada a ir. E foi engraçado demais. Nunca pensei que eu tentaria convencer alguém a ir no Beco. Chegando lá, lugar legal, gurias bonitas, música boa. Gostei de cara. Quero ressaltar dois fatos:
* O primeiro:
Eu tava cuidando uma guria, tava olhando pra ela há vários minutos. De repente ela vira pro lado e beija a guria que tava do lado dela na boca. Eu pensando :"FAIL :(" Fui contar pro Bernardo:
- Ô meu, tá ligado aquela guria de listradinho azul ali ? Eu tava cuidando ela, aí ela virou pro lado de beijou a amiga. :(
- Eu tava cuidando a amiga...
- UHAHUAHUAUHAUHAUHAUHAHUA [os dois]
* O segundo:
Eu tava cuidando uma guria [2], aí de vez em quando eu dava umas olhada ela se ria toda. Ela dançava bem no tipo daquelas gurias que tão louca pra que alguém chegue nelas, pra não usar outras palavras... You know what I mean... SÓ FALTAVA IR PRO PAU-DE-PUTA, pronto falei. Daí uma hora ela começou a dançar na minha frente e de costar pra mim. Aí eu fui chegando me aproximando. Até que cheguei bem perto, e antes de eu falar qualquer coisa, ela me olhou e gritou: "MEU DEUS... QUE HORROR."
Eu fiquei muito sem reação. A única reação foi rir. Até hoje eu suspeito que ela seja lésbica. Sei lá. Muito estranho... E engraçado.


Isso foi num sábado, no domingo eu fui jogar fuitebol com a Anne e seus amigos, e o futebolzinho tava bem pegado. Fazia muito tempo que eu não jogava um futebol assim. Tinha um cara com umas trancinha, com uma camiseta do Barcelona, escrito "Ronaldinho" atrás, ele tava me dando muita raiva. Só queria dar driblezinho e fazer gol de letra. Aí uma hora eu dividi forte com ele, ele caiu no chão com a mão no tornozelo e eu de pé, se fosse um jogo normal eu nem pediria desculpa, mas como estávamos entre amigos, eu disse que não tinha visto ele [\mentira do cão]. Nesse mesmo dia comprei um DVD do Oasis. "Familiar To Millions". Muito bom, recomendo a todos.
http://www.youtube.com/watch?v=xS8lm6s-itU <--- Cigarettes & Alcohol, prestem atenção no final, na porrada que o Liam dá no microfone.

29 de set. de 2009

The song remains the same.

Hey, você que pensa que o rock morreu. Ele não morreu. Está mais vivo do que nunca. O homem da foice está longe de ceifá-lo de nós. Começo falando das grandes bandas brasileiras de que exalam rock 'n roll por todos os poros de seus integrantes. Falo da ascendente e máscula banda Cine!. Sim, esses caras fazem um som pra homens de verdade. Mulherzinhas não podem ouvir tal banda, afinal de contas eles pegam muito mais mulheres (e de uma qualidade infinitamente melhor) que qualquer homem anônimo. E o que falar daquela técninca vocal singular usada na música "Garota Radical" ? Mais conhecida como:"UoÔ UoÔ UoÔ". Eles estão criando um novo rótulo de música, o H-Rock. Sim, o som deles é tão hom... Digo, tão heterossexual, que chega ao ponto de se designar uma nova modalidade de música pros caras. E tudo isso começou, há alguns anos, com o CPM22. Não sei porque eles não fazem mais sucesso e sumiram da mídia. :(

A salvação do rock nacional está nas mãos de Nx Zero e Cine! . E está bem longe do Rio Grande do Sul, com certeza. Bandas como Cachorro Grande, Pública, Cartolas e Identidade nem mereceriam espaço na mídia. Afinal esse tipo de rock é muito ruim pro grande público apreciar. Tenho vergonha de ter nascido em um estado onde o cenário rock é tão ruim. A única banda que temos para nos orgulhar é a Fresno. Dizem que o vocalista chora no palco cantando as canções deles. Isso sim, viver o rock 'n roll. Compôr algo do fundo do coração e viver a emoção enquanto tocam a música em um show. Nada mais rock 'n roll que chorar no palco. Mas tem uma banda que me dá coisas quando eu ouço, o Skank. Tenho nojo. Imagina uma banda que se reinventa a cada cd novo que ela produz, e ainda por cima não segue o selo Rick Bonadio de qualidade. Nojentos. Fiquem longe do meu rádio. Talvez a salvação esteja na Bahia, também. Nas mãos da Pitty. Ela é casada com um cara do Nx Zero, né ? Se merecem, com certeza, se merecem...

Outra coisa que eu acho muito criativo é a leva de bandas nacionais que imitam Los Hermanos. Pra que inventar se tu pode copia, né ? E não é só aqui no Brasil, não. No cenário estrangeiro tem as que imitam os Strokes. Esses dias ouvi uma no rádio que era igual Franz Ferdinand. Igual. Eu gosto mesmo da criatividade dessas cópias.

Falando em cenário internacional, passemos a ele. Quem será que são os novos Beatles ? McFly ou os Jonas Brothers ? O rock dos dois é algo totalmente singular. Supera de longe a banda de Liverpool. E é bom que esquecem o Fab Four de uma vez. Desde quando eles foram revolucionários ? Revolucionário é o My Chemical Romance que o cara se pinta todo pra entrar no palco. Péra aí... Eu já vi isso em algum lugar. Um tal de Kiss fazia isso. Mas era muito homossexual. My Chemical Romance é bem mais hetero, com certeza.

Eu prego que as bandas clássicas como Beatles, Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin, The Doors, Bob Dylan... Temos que esquecer todas elas. As bandas atuais são tão boas. Pra que idolatrar o passado se podemos apenas apreciar as bandas de rock viril da atualidade ? Outra coisa ótima é que bandas horríveis como Oasis e Audioslave acabaram. Alívio aos meus ouvidos. Mas eu tenho medo Foo Fighters e Red Hot Chili Peppers estão pra lançar cd's, o Pearl Jam já lançou. Isso me deixa um pouco desesperançoso. Tomara que essas banda não façam muito sucesso com seus novos trabalhos. Seria um lixo ouvir esses caras tocando suas músicas não-chorosas nos meus ouvidos. O rock tá mais vivo do que nunca. Avante bandas de roupas apertadas e mais coloridas que um quadro psicodélico. Vocais esganiçados e guitarras metalizadas, vocês são a salvação da música. \o/



"Acho que a música popular se tornou realmente estranha. Ou é muito chorosa ou é dura e desagradável."
Deus (George Harrison)